SÃO PAULO APÓSTOLO
Hoje queremos ver porque São Paulo foi designado, pelo Papa Paulo VI, para ser o patrono do MCC. Poderia ser outro santo, como São Francisco Xavier, grande missionário, especialmente no Oriente; Santo Antônio, insigne pregador e conhecedor da palavra de Deus, e assim poderíamos nomear muitos outros.
Então, porque São Paulo? Precisamente porque São Paulo, com certeza, é o santo que mais preenche as características do Cursilho. Vejamos, então, no texto de sua conversão, que está no Atos dos Apóstolos, cap. 9, 1. Ali encontramos a síntese de todas as mensagens e em sua pessoa o modelo de convertido e constituído Evangelizador. Encontramos nele, com clareza, nosso carisma.
No primeiro momento vemos São Paulo anticristão, perseguidor e legalista. Depois convertido, guindado pelo amor e apaixonado pelo Cristo e seu Reino.
O que encontramos no texto da conversão, em At. 9?
Saulo na estrada, não no caminho de Santiago, mas a caminho de Damasco. Não para buscar a santidade, mas para exterminar os que buscam a santidade, os cristãos.
O sentido de sua vida era preservar a lei de Moisés. Garantir o cumprimento da lei e para tanto matar os que se opusessem a esse ideal. Saulo não se conhecia a si mesmo, não tinha consciência de sua vocação e identidade.
No caminho encontra-se com o Cristo! A graça o envolve. A graça se manifesta em forma de luz, de voz. Acontece um encontro tão intenso que se expressa na figura da queda. Aí realiza o diálogo, o encontro da grandeza de Deus com a fragilidade humana. A graça revela-se no neste diálogo: “Saulo porque me persegues?”
Saulo ficou três dias sem ver, sem comer e sem beber. Assim são os três dias do Cursilho, onde passamos três dias sem o nosso mundo, com nossos critérios, sem comer os alimentos puramente materiais e sem beber das ideias frívolas do mundo
Consideramos o primeiro momento de Saulo, quando estava a caminho para realizar seu ideal de preservar a religião e tradições judaicas, mesmo que custem a vida dos cristãos. Vimos que ele foi surpreendido pela graça, que derruba todo seu projeto e lhe oferece um novo camino, um novo sentido para a vida. Deste encontro nasceu de Saulo, São Paulo. “Quem és, Senhor?” Aqui aparecendo diálogo da fé. “Eu sou o Senhor a quem tu persegues”.
Saulo bem que poderia ter dito: eu estou perseguindo os cristãos e não a ti. Mas aí ele entendeu, pela graça: quem persegue a Igreja persegue seu autor. A Igreja é o sacramento de Cristo. Mas o diálogo continua: “O que queres que eu faça?”
– “Levanta-te”! A graça, Cristo, não quer derrubar ninguém, não quer prostrar ninguém, quer sim derrubar o mal, o erro.
Então Saulo levanta-se. Vemos a obediência, a graça supõe a obediência à oferta de Deus, e exige adesão ao pedido de Cristo. Ao levantar-se está cego, não vê mais nada e ninguém. Precisa ser conduzido, tomado pela mão, guiado, caminhar no escuro. Esse é o verdadeiro processo da fé. É dar a mão, deixar-se levar pela vontade de Deus.
Aqui aparece com plena evidência o significado da fé, que é ouvir o chamado de Cristo, pôr-se de pé e caminhar no escuro, mas não sozinho. Levado pela mão de Deus, ou por aqueles que Deus coloca em nossa vida para nos guiar.
Para onde São Paulo vai, para onde é enviado? À Igreja, que é comunidade, que tem endereço, que é gente que crê. Saulo “igreja-se”. E aí na Igreja, com a Igreja passará viver a graça, descobre seu verdadeiro sentido da vida. Celebra os sacramentos pela imposição das mãos de Ananias, que ao impor as mãos, Saulo recobra a vista, ou seja, recebe verdadeiramente o dom da fé, abrem-se os olhos da fé, é confirmado e toma a eucaristia. Agora é um discípulo de Jesus. Fica três anos se preparando, em formação para aprender a ver e a discernir, para depois, como cristão comprometido, partir para o agir.
Qual é seu agir? Não emergencial, caritativo, ativista, assistencialista, mas um agir transformador, através de pequenos núcleos, pequenas comunidades de fé que transformem os ambientes. Não foi para as pastorais, para a sacristia, mas para o mundo… como um Cristão comprometido colocando seus talentos a serviço da Evangelização, partindo, saindo por terra e por mar, quer queiram, quer não queiram. Tudo isto, de agora em diante, fundamentado no Tripé: Oração, Formação e Ação.
Por fim, vive da Esperança e da certeza que Cristo não engana, porque ele sabe que Cristo é fiel. É Cristo que assina, chancela este caminho, este projeto. É nele que coloco minha Esperança.
Aqui temos a síntese das mensagens do Cursilho.
Nascemos para Evangelizar!
Pe. Xiko