O MCC Brasil e as Comunidades Eclesiais Missionárias

(Artigo postado em 10 de setembro de 2019)

O Movimento de Cursilho desde seus primórdios, se empenha em ser resposta para os chamados e necessidades da Igreja em cada tempo. Por isso, busca alcançar, conhecer, divulgar, estudar e colocar na prática de todas as ações e estratégias cursilhistas, os apelos e orientações apresentados nos documentos eclesiais.

Tendo em mãos o atual Documento N. 109, CNBB, DGAE 2019-2023, sentimos o Movimento de Cursilhos confirmando seu engajamento, envolvendo-se com as orientações, e, encontrando-se em cada página, em cada proposta das novas Diretrizes, e trazendo de lá pistas de ação para todo o MCC: sua Metodologia, (Pré, Cursilho e Pós) sobretudo nas Escolas Vivenciais, fonte de Formação, não só para os cursilhistas, mas aberta a toda a comunidade, a todo aquele que quer seguir como discípulo e discípula de Jesus Cristo, pelas estradas da vida para testemunhar o Reino de Deus, nas diversas e adversas estruturas nas quais estamos inseridos.

Ao referir-se sobre as Comunidades Eclesiais Missionárias, o documento traz ao olhar do MCC, um vislumbre que entusiasma, que renova o ânimo e ilumina seu fazer missionário. À luz, destas diretrizes, o MCC traçará seus caminhos, contribuindo para realização e concretização de seu Carisma alicerçado na esperança da Igreja em caminhar com a diversidade cultural do nosso País, continental em tri dimensão geográfica, multicultural nos costumes e padrões comportamentais.

O Movimento de Cursilhos, presente em terras brasileiras a mais de meio século, conhece bem essa realidade. Por isso não se assusta, mas debruça-se sobre esse Documento, e ali encontra pistas para viver a comunhão e o sentido de pertença.

  • A Palavra – que aprofunda a iniciação à vida cristã e a iniciação bíblica e a ideia de ter comunidades fundadas em torno da palavra;
  • O Pão – que aprofunda a liturgia e a busca por viver a espiritualidade rumo à santidade tal como defende o papa Francisco em sua exortação Gaudete et Exsultate que personaliza a fé mas leva ao encontro do outro;
  • A Caridade – Baseado no que disse Paulo VI na ONU: “Que a Igreja é especialista em humanidade”, o texto das diretrizes aponta a necessidade das comunidades se preocuparem com os que mais sofrem e a defesa da vida em todos os sentidos.
  • A Missão – A exemplo do que pede o papa, o sentido da comunidade se realiza quando ela sai em missão e vai ao encontro das periferias existenciais.

O MCC no Brasil viveu a comunhão e fortaleceu, em cada tempo, o sentido de pertença, permanecendo atento aos Planos de Pastorais, aos Documentos Eclesiais, livros, subsídios e orientações emitidos pela CNBB, que sempre fizeram parte do acervo de material a ser estudado nas Escolas Vivenciais do MCC. Temas e Lemas de Encontros de Formação Diocesano, Regional ou Nacional, Retiros, Ultreias, Planos de Ação cuidadosamente pinçados e somados aos objetivos e à metodologia do MCC, de modo a não descuidar de seu carisma, porém, atualizá-lo com a marcha da Igreja de aqui e agora. Assim, foi para a comunidade cursilhista em todo território brasileiro, nestes mais de 50 anos e, sem dúvida, continuará sendo. O MCC trabalhou intensamente a proposta de uma Igreja em saída, estado permanente de missão, Pequenas Comunidades de Fé e agora, tendo em mãos o Documento Nº 109, olha com carinho a chamada às Comunidades Eclesiais Missionárias.

Sem perder o carisma

O MCC não perde de vistas seu carisma, mas é zeloso e atento a ter porta de entrada e porta de saída em suas estruturas funcionais. Como Movimento missionário, quer formar discípulos missionários em todo o tempo, com suas portas abertas aos jovens e adultos, homens e mulheres. Aqueles que adentram o Movimento de Cursilhos, são motivados, pela Formação que recebe, a trazer Jesus e Maria no coração, e os pés no caminho da missão, tendo assim a porta aberta para a saída missionária.

Cristãos para a Igreja

O MCC não quer formar cristãos comprometidos para si mesmo, mas para a Igreja e a comunidade, contribuindo com a transformação das pessoas, das famílias e dos ambientes. Projetado para os próximos três anos (2019 a 2021) motivados pela proposta “ao Cursilho… santos; do Cursilho… Discípulos missionários!” à luz do Tema: “MCC, caminho de santificação” e Lema: “Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso” Lc 6,36. O MCC, abraçou a Encíclica Gaudete et Exsultate, Papa Francisco, 2018. As novas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE 2019-2023,CNBB), apontam para horizontes de esperanças e comprometimentos de ações profético-transformadoras e, nesta direção, o Movimento de Cursilhos, mais uma vez, faz comunhão acreditando no projeto das Comunidades Eclesiais Missionárias.

Para isso se propõe estudar em seus Grupos e Escolas Vivenciais, o Documento Nº 109, CNBB que se nos apresenta com grande proximidade na busca da missionariedade. Com alegria, tenho presente que nos últimos três anos, em todas as Formações que ministrei nas Jornadas de Formação por esse Brasil afora, falei muito sobre a importância de pequenas comunidades, Núcleos de Comunidade Ambiental, grupos, Setores Diocesanos, Escolas Vivenciais para tornar real a ação transformadora. Os pequenos grupos são instrumentos didáticopedagógicos de educação na fé.

No Cursilho-Retiro não se faz catequese, mas ela acontece na sequência do ‘quarto dia’, na Escola Vivencial, na comunidade cursilhista paroquial, regional e nacional. É no âmbito destes grupos que é possível o diálogo, os laços de amizade fraterna, partilha da Palavra Sagrada principalmente através da metodologia da Leitura Orante, exercício da criatividade e da parceria, promoção atitudes proféticas, portanto, o anúncio querigmático de Jesus Cristo, encontra nestes ambientes, espaço e acolhida. E nestes é ainda mais favorável a mobilização em torno de uma causa, de um projeto.

O MCC é chamado a ser missionário

O MCC quer fazer ressoar esse chamado em suas estruturas e atividades, de modo que ser missionário, seja a grande motivação. Como diz a música de Pe. Fabio de Melo: “O tempo não espera ninguém”, portanto, devemos estar prontos, em atitude de missão, e prontos a agir, aqui e agora, para que o mundo seja melhor, a partir de onde estamos com nossos calcanhares. O Movimento de Cursilhos é um Movimento único, tem um carisma próprio, uma metodologia específica, normas estatutárias, daí a necessidade e a importância de vivermos a comunhão e o sentido de pertença.

Grupos Executivos Regionais, (GERs); Grupos Executivos Diocesanos, (GEDs) devem manter entre si laços de amizade fraterna, diálogo, troca de experiências, participação e comunhão, buscando fortalecer sempre mais a unidade na diversidade, pois as adversidades são um grande desafio. O Grupo Executivo Nacional, não mede esforços para ser o ponto de unidade do MCC. Lembramos as primeiras comunidades: “Eles eram perseverantes na comunhão fraterna” (At 2, 42).

Compartilhamos a mesma fé, a mesma vida divina, o mesmo Espírito de Jesus, o mesmo sangue. Com tanto mais razão deveríamos ser capazes de partilhar as nossas experiências, nossas lutas e labutas desprendidas no exercício da missão. A comunhão na fé nos leva à comunhão fraterna! Assim compartilharemos também, nossa missão evangelizadora transformadora!

Lucília Alves Cunha 

EX-Membro do Grupo de Apoio do GEN