O Movimento dos Cursilhos de Cristandade nasceu na Espanha , mais concretamente na ilha de Maiorca na década de 40.Mas você sabia que antes mesmo do Movimento de Cursilho nascer, houve um fator histórico envolvendo cerca por cerca de 70 mil jovens inspirados pelo Espirito Santo?
Desde a década de 30, preparava-se intensamente uma grande peregrinação nacional da Juventude da Ação Católica (JAC) a Santiago de Compostela. No entanto, essa peregrinação só veio a acontecer no ano de 1948, devido a guerra civil na Espanha que deu inicio em 18 de julho de 1936. Santo Padre, Pio XI, confiou aos leigos, sacerdotes e jovens responsáveis pela Ação Católica a formação de seus líderes e a motivação espiritual dos peregrinos em todas as dioceses da Espanha, para que esta peregrinação se tornasse um verdadeiro ato de fé.
Várias atividades foram organizadas nas paróquias, entre as quais a celebração de “Cursos para Peregrinos Avançados”, dirigidos por membros do Conselho Nacional da JAC, e “Cursos para Líderes Peregrinos”, dirigidos por membros dos Conselhos Diocesanos.
Assista ao vídeo do Monsenhor José Ángel Saiz Meneses, Assessor Eclesiástico do Organismo Mundial de Cursilhos de Cristandade (OMCC), conta a história com relatos verídicos de como foi essa peregrinação até Santiago.
Dentre os jovens, aquele que será chamado um dos primeiros cursilhistas
Na Semana Santa de 1943 convidam um jovem de 29 anos, militar, Eduardo Bonnín Aguiló, a participar no 2.º Curso de Chefes Peregrinos. Bonnin é considerado um dos iniciadores do MCC juntamente com Bispo Sebastián Gayá Aguilera, D. Juan Capó Bosch e, com eles o então Bispo de Maiorca, Dom Juan Hervás Benet. Eduardo Bonnín nasceu no dia 4/5/1917 em Palma de Maiorca, no seio de uma família numerosa com dez irmãos.
Desde jovem teve a visão e a inquietação de chegar com o Evangelho aos mais afastados, especialmente aos mais jovens. Eduardo foi educado num ambiente de fé católica profunda, mas ao mesmo tempo num ambiente fechado, não tendo outros contactos, além dos que a sua família mantinha no comércio e com os ambientes rurais da ilha.
Embora a guerra tenha terminado em 1939, com a vitória das tropas de Franco, foi somente em 1941 que uma certa paz voltou. Foi então, com o lema “100.000 jovens a Santiago”, que a Juventude da Ação Católica Espanhola relançou a ideia de fazer uma peregrinação a terras compostelanas com o objetivo de dar um impulso à mesma associação eclesial e colmatar as lacunas deixadas por seus diretores que estavam entre os mais de 7.000 mártires deixados para trás pela guerra.
Para isso, o trabalho é dedicado à tarefa de formar líderes e intensificar o trabalho apostólico, não apenas no campo da Ação Católica, mas em todas as instituições sociais, incutindo nos membros do “Ramo” uma verdadeira e autêntica orientação para a vida, com o objetivo de fazer com que os jovens escolhidos reajam em todos os momentos como enviados pelo Senhor.
Para responder ao plano formativo da JACE (Juventude da Ação Católica Espanhola) e assim também impulsionar o empenho na peregrinação dos jovens a Santiago, em cada uma das dioceses, foram programados uma série de minicursos: Avançado de Peregrinos em todas as dioceses do país, e Cursilhos de Chefes de Peregrinos em todas as paróquias. Esses cursos foram idealizados por Manuel Aparici, presidente do Conselho Superior da Ação Católica Espanhola.
A formação destes minicursos era da responsabilidade quer dos diretores dos respetivos Conselhos Diocesanos, que se preparavam nas escolas de Propagandistas ou Dirigentes, dos Conselheiros Diocesanos dos centros de Ação Católica ou dos diretores nacionais que viajavam de Madrid para ensiná-los em outras dioceses.
Mallorca foi uma das primeiras dioceses a solicitar os cursos avançados para peregrinos. Durante os anos de preparação, foram ministrados 7 Cursilhos de 41 a 48, segundo a ficha diocesana. Todos sempre próximos ou na mesma data da Páscoa. O local escolhido em quase todos os casos foi o Santuário de Nossa Senhora de Lluch. Todas menos a última, a do ano de 1948, que se realizou no Santuário de Nossa Senhora do Pároco. Recorde-se que estes últimos foram conduzidos por jovens do Conselho Diocesano de Maiorca. Os reitores desses cursos foram José Ferragut e Eduardo Bonnín.
Conselho Juvenil Diocesano da Ação Católica de Maiorca
O segundo curso de Adelantados, realizado de 17 a 24 de abril de 1943, contou com a presença de Eduardo Bonnín Aguiló. Um dos nossos iniciadores e destaque entre o grupo de leigos. No terceiro curso realizado em Maiorca, no ano 45 e já sendo este, presidente do Conselho Diocesano de Maiorca, foi convidado a participar como docente do mesmo após a desistência de última hora de um dos docentes nomeados pelo Superior Conselho de Madri. Foi lá que expôs pela primeira vez seu estudo de ambientes.
Os cursos para líderes peregrinos foram os estabelecidos como segunda etapa do Plano de Formação para a peregrinação de jovens a Santiago. Eles foram ensinados paralelamente no tempo aos Cursilhos de Adelantados. Esses cursos tratavam das mesmas disciplinas dos cursos avançados e, em princípio, com a mesma estrutura. Dirigido pelos membros do Conselho Diocesano de Juventude da Acção Católica de Maiorca, estes minicursos foram dirigidos a jovens com a categoria de dirigentes do Centro ou do Conselho Arciprestal (nível regional ou paroquial). Esses assistentes, uma vez concluído o curso, puderam celebrar em seus respectivos arciprestados alguns dias de estudo em seus centros que receberam o título de “Guias Peregrinos”, concluindo com eles a terceira etapa do Plano de Formação elaborado.
Oito Cursos para Líderes Peregrinos foram organizados entre 1942 e 1947, realizados em diferentes lugares da Diocese de Maiorca dependendo do Centro de Ação Católica que os organizou. Durante esses anos, os jovens leigos começaram a remodelar o curso de Chefes de Peregrinos para adaptá-lo às necessidades dos jovens maiorquinos e à missão confiada.
Por último, cabe destacar as peregrinações locais realizadas nos últimos anos de preparação (1946 e 1947) e o congresso Lluc, onde mais de 3.000 jovens maiorquinos fizeram uma peregrinação ao santuário de “la Moreneta”, a virgem de Lluc, para ser consagrada pelo Bispo Hervás, ao Sagrado Coração de Maria, como último acto de preparação para aquela que seria a peregrinação a Santiago. A peregrinação finalmente aconteceria em 25 de agosto de 1948.
